15 julho 2025

Portas Abertas, Educação Esquecida

 Portas se abrem sem um "por favor" no vento, e o silêncio dói.

Eles abrem as portas sem bater
Entram sem pedir, sem sequer perceber
Que existe uma linha invisível de respeito
Que se perdeu, como um eco desfeito
Não há “bom dia”, nem “boa tarde”
E o silêncio é o único amigo que lhes cabe
O “obrigado” se perdeu no vento
E a educação se foi, como um pensamento

Eles chegam como donos de tudo
Invadem o espaço, sem nenhum cuidado
Com pressa de entrar e mais pressa de sair
Sem um gesto, um olhar, sem se permitir
Ver o que deixaram atrás...
A indiferença que cortam como um punhal
Como se o outro fosse só um detalhe
Na jornada apressada de quem só se vale
Do que pode usar, sem mais preocupação.

Eles não pedem licença, nem respeitam
O espaço de quem ainda sabe o que é
Um ”por favor,”, um “desculpe”, um “obrigado”
A porta aberta é o único convite aceito
Mas a cortesia, essa, já foi esquecida
Passam por cima, atropelam
Sem olhar, sem sentir, sem se importar
Nem um vestígio de consideração
Apenas os rastros da pressa e da solidão.

E quando se vão, não deixam mais nada
A porta que se fecha é o único som
Que resta, ecoando pela casa vazia
Enquanto o vazio cresce como uma rotina fria
O respeito foi-se, diluído no tempo
E com ele, o entendimento de um simples gesto
Que, para entrar e sair existe uma regra
Que o outro também tem uma alma que pede
Apenas um pouco de humanidade, de luz.

Eles seguem, sem olhar para trás
Indiferentes ao que deixam ao que fazem
Atravessam a vida como sombras rápidas
Sem um “até logo”, sem um “muito obrigado”
E o mundo, aos poucos, se torna mais gelado
Onde as portas abrem e fecham sem coração
E a gentileza desaparece, se torna ilusão
Eles vão embora, e tudo se esvai
Mas nada muda. Eles continuam a andar
Sem notar que o mundo, pouco a pouco
Se desfaz quando a educação se vai.

24 comentários:

  1. Minha querida amiga Lúcia,
    Muitas vezes me pergunto: para onde foram os pequenos atos de gentileza? Em meio à correria do dia a dia e à constante conectividade digital, parece que pequenos atos de gentileza estão se tornando uma raridade. O simples ato de segurar a porta de um elevador para alguém, de ceder seu lugar no transporte público, dizer um sincero bom dia a um vizinho, ou um agradecimento genuíno por um favor recebido, muitas vezes são esquecidos.
    Estamos tão imersos em nossas próprias rotinas e preocupações que nos desconectamos do impacto positivo que estes gestos podem ter na vida de outras pessoas e na atmosfera geral de uma comunidade.
    Esta negligência dos pequenos atos de gentileza não é apenas uma questão de educação; reflete uma sutil perda de empatia, uma palavra que ficou presa dentro do dicionário após a pandemia. Quando negligenciamos estes simples atos de gentileza, perdemos a oportunidade de criar momentos de conexão humana, de aliviar o fardo do dia de alguém e de construir uma sociedade mais acolhedora.
    Ou seja, é um lembrete de que, mesmo nos momentos mais difíceis, a gentileza continua sendo uma força poderosa, capaz de transformar o ordinário em algo extraordinário.
    Beijos e tenha dias suaves!!!

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    1. Olá caro Douglas.
      Eu venho observando isso atentamente. Tenho 15 anos de blog, e se reparar as pessoas começaram a surgir por aqui a partir da pandemia, antes era eu e meus escritos, em algum momento muito raro aparecia alguém. Essa minha observação é exatamente por aqui, pois a minha vida real continua igual. Eu estou acostumada a dar e ouvir "Bom dia", "Boa noite" , "obrigado", "Por favor" e por aí vai. Agora aqui, posso contar em uma única mão. Talvez seja isso que escreveu, eu particularmente vejo com "Educação". Só preciso escrever aquilo que vejo e sinto. Pena que as pessoas são assim. Pena mesmo.
      Gratidão meu amigo pelas palavras e visita.
      Beijos, tenha também dias suaves.

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    2. Minha querida amiga Lúcia,
      Espero que eu esteja entre os cinco dedos (contados de uma mão), dos amigos que sempre estiveram aqui "ao teu lado" antes da pandemia.
      Mais beijos!!! 🌹_(ヅ)_/¯¯

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  2. Você escreveu muito bonito. 😺

    Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.

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  3. Olá Lucia, bom dia.
    Tão oportunas as tuas palavras e tão verdade!
    Estamos num tempo em que todos os valores civilizacionais se vão perdendo.
    Entre eles, está a gentileza, a cordialidade, o reconhecimento... e tantos outros.
    O individualismo é cada vez mais patente. Quem está ao lada não importa.
    Vive-se a rotina dos dias, mecânicamente, como um autómato. Esquecem-se os afetos e as mais elementares normas de convivência em sociedade.
    Se olharmos em volta, vemos que o mundo e a sociedade estão se transformando e receio muito que não seja para melhor.
    Grato pelas palavras que nos deixas, sempre acertivas.
    Um beijo.

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    1. Olá caro A.S.
      Bem por aí amigo poeta.
      Gratidão pelo comentário e visita.
      Beijos!

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  4. Preciosos versos, se respira sensibilidad.

    Un beso.

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    1. Muchas gracias por tu comentario y visita, María. Un abrazo.

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  5. Olá Lucia, você descreve com precisão e poesia uma realidade que, infelizmente, se impõe cada vez mais, a de um mundo onde os gestos simples de respeito se apagam por trás da indiferença, sua caneta revela a beleza ferida de um cotidiano silencioso, onde a porta se abre sem coração e a cortesia se torna lembrança, seu poema é um espelho esticado em nosso tempo, uma chamada silenciosa para encontrar aquela luz esquecida que são as palavras «olá», «obrigado» e «perdão». Quero cumprimentá-lo por esta obra que desperta as consciências, e convida todos a caminhar com mais humanidade no mundo, tomei a liberdade de me convidar para sua lista de amigos, e convido você ao meu universo com grande prazer, bom sábado, com toda minha consideração, Regis.

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    1. Olá Les Murmures De Velours.
      Gratidão pelas belas palavras de compreensão.
      Mais humanidade, mais amor entre as pessoas.
      Seja bem vindo!!
      Bom final de semana.

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  6. Olá Lucia, sua caneta revela a beleza ferida de um cotidiano silencioso, quero parabenizá-la por esta obra que desperta as consciências, e convida a todos a caminhar com mais humanidade no mundo, tomei a liberdade de me convidar para sua lista de amigos, e eu convido você para o meu universo com grande prazer, bom sábado, com toda a minha consideração, Regis.

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    1. Olá Les Murmures De Velours.
      Gratidão pelas belas palavras de compreensão.
      Mais humanidade, mais amor entre as pessoas.
      Seja bem vindo!!
      Bom final de semana.

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  7. Volto para te ler de novo Lúcia.
    A tua poética se consolida num estilo lírico delicioso!
    Tem um bom domingo querida amiga.
    Grato pelas belas palavras que me deixaste.
    Beijos.

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    1. Olá caro A.S.
      Sempre um prazer visitar e você e seu retorno por aqui.
      Gratidão sempre amigo poeta.
      Boa semana.
      Beijos!

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  8. Há uma evolução negativa no civismo e educação entre as pessoas. O mais curioso é que tenho observado isso nos filmes. Um exemplo disso, é desligarem o telefone sem dizerem até logo, obrigado ou outra coisa qualquer. Já vi isso dezenas de vezes desde que comecei a reparar.
    O seu poema é excelente, gostei de ler.
    Boa semana.
    Beijos.

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    1. Olá caro Jaime.
      Eu não diria em filmes, e sim na vida real, e principalmente no virtual.
      Gratidão pelas palavras e visita.
      Tenha uma excelente semana poeta.
      Beijo!

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  9. Um tem bem atual.
    Mas Lucia, veja bem.
    Houve épocas passadas onde a educação e o formalismo eram exacerbados. Filhos, obrigatoriamente, tinham que chamar os pais de "senhor". Brincadeiras não eram permitidas. Os filhos, ritualmente, pediam bençãos aos mais velhos.
    Essa época para mim não iria me fazer bem, pois sou meio extrovertido tanto escrevendo quanto falando.
    Lembro que lá pelos meus 7 anos eu inocentemente chamei meu pai de "cara". Resultado? Um tapa dele na minha cara...rs
    Era inadmissível um filho chamar um pai de cara, total falta de respeito.
    Meu filho hoje me chama de cara sem nenhum problema e eu e ele temos mais intimidade do que eu jamais tive com meu pai.
    Então, as épocas vão mudando as coisas.
    Evidente que tudo deve ter um limite aceitável.
    um "bom dia" e um "por favor" continuam tendo seu valor.

    abraços.

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    1. Olá Eduardo Medeiros.
      Não tenho lembrança de ter de dar a benção aos mais velhos. Senhor e senhora era costume seja aos meus pais ou pessoas mais velhas do que eu e até hoje eu faço. Isso para mim é respeito. Eu tenho e dou total liberdade para meus filhos, conversamos sobre tudo e tudo dentro do respeito. As épocas mudam, mas respeito e educação é dever de todos.
      Gratidão pelo seu comentário e visita.
      Tenha uma ótima noite e uma excelente semana.
      Abraço!

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  10. Boa noite, Lúcia.
    O acaso me levou à sua página.
    Me perdi entre seus seguidores.
    Suas palavras são tocantes, querida poetisa!
    Ai, a polidez se perdeu.
    Que sua noite seja repleta de serenidade e claridade,
    e que seu fim de semana floresça,
    uma corola de momentos preciosos, cercada por seus entes queridos.
    Beijos, Véronique

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    1. Olá Véronique.
      Gratidão pelas palavras e visita.
      Fico feliz que te agrade.
      Boa semana para você.
      Beijo!

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SEJA BEM VINDO!
Palavras são agradáveis à minha alma. Escritas lindamente, tocarão meu coração