Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais.
Falar menos, chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê, a admiração de que eles me
têm e não a inveja que prepotente mente penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática as
palavras que se fazem gestos
E os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido
escutar. Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e
comigo morrem por eu não saber sonhar.
Então que eu possa viver os sonhos possíveis e impossíveis;
aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo tempo, a cada nova flor, a
cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar, sonhar o amálgama.
Que eu me permita o silêncio das formas, dos
movimentos, do impossível, da imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, pelo
sentir, pelo compreender, pelo segredo das coisas mais raras, pela oração
mental (aquela que a alma cria é só ela, alma, ouve, e só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor, experimentar a forma,
vislumbrar as curvas, desenhar as retas, e aprender o saber da exuberância que
se mostra nas pequenas manifestações da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelo
meus olhos, fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a
cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristezas e mais de
contentamentos.
Que meu choro não seja em vão, e que em vão não sejam minhas
dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos, mas que saiba recuperar
meus destinos com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:
Que eu não tenha medo dos meus medos!
Que eu adormeça.....
(Oswaldo Antonio Begiato)