Os Sinais estavam claros, eu que não quis enxergar
Dizem que a vida é uma grande roda-gigante: ora estamos lá em cima, tocando o céu com a ponta dos dedos; ora descemos devagar, encostando o peito no metal frio da realidade. E, no meio desse vai e vem, vamos colecionando pessoas, umas que passam rápido, outras que parecem ficar para sempre.
O estranho é que, com o tempo, descobrimos que os golpes mais profundos não vêm de quem nos ameaça, mas de quem nos abraça. Afinal, do inimigo esperamos a flecha, mas do amigo? Do amigo esperamos a mão estendida, o ombro quente, o silêncio cúmplice nas horas de aperto.
Por isso, quando um amigo trai, falha ou nos vira o rosto, o estrago é silencioso, mas certeiro. Não faz barulho, mas derruba. É como se uma porta que sempre esteve aberta se fechasse sem aviso e a gente fica ali, com a mão na maçaneta, tentando entender em que momento esqueceu-se de olhar para as pequenas rachaduras.
E ainda assim, seguimos. Porque o coração humano é teimoso: machuca, remenda, costura, e insiste. Aprende que nem toda amizade é eterna, mas que cada uma deixa uma marca, algumas doces, outras duras. E que a decepção, quando vem de quem consideramos, ensina mais sobre nós do que sobre eles.
Afinal, a maior decepção é aquela vinda dos amigos, pois dos inimigos… Esses, nós esperamos.
“Cicatrizes que Falam”
No peito guardo um mapa
De encontros e despedidas
Onde algumas rotas foram luz
E outras deixaram feridas
Do amigo que virou ausência
Ficou a lição do caminho
Confiança é flor delicada
Que não floresce no espinho
Mas sigo entre quedas e sonhos
Porque a vida é ponte e travessia
Quem fere pode até marcar
Mas não apaga a poesia




