04 abril 2011

O abandono

Poderia fazer um livro sobre o assunto de hoje, mas vou colocar algo bem resumido. O assunto a meu ver é triste. Não quero com isso me colocar em um pedestal e nem receber troféus, por isso mesmo é algo bem resumido. Pra não pensarem que quero me aproveitar da vida alheia, isso jamais o farei. Se quiser ler, esteja a vontade, se não quiser, mesmo assim seja bem vindo, por sua curiosidade. 
Não quero com esse texto dar lição em ninguém, é apenas um desabafo... 
...Seu nome é Raquel (nome fictício, não vou expor sua identidade real aqui), tem 84 anos, uma pessoa encantadora com os olhos azuis da cor do mar. 
Não consigo esquecer seu olhar carente, e ao mesmo tempo feliz por ter com quem conversar. 
Durante os dias que estou com Raquel, assim que me vê ela deixa bem claro em seus olhos a sua alegria, só posso sorrir de ver a felicidade de Raquel. Empurro a cadeira dela para seu quarto e o tempo todo que estamos ali fica segurando a minha mão e acariciando-a. 
Sente muita falta dos netos e chora muito por isso. Já tem três anos que Raquel não os vê tempo esse que foi para o asilo, infelizmente deixada pela única filha e genro. 
Raquel me contou que foi para o asilo porque sua filha não quis assumir a responsabilidade de cuidá-la com atenção, carinho e amor, que a tratava com um descaso total, logo após ter sofrido um derrame e ficar sem os movimentos das pernas. Isso me cortou o coração, porque Raquel fala sempre sobre a saudade dos netos, e que sempre se alegrava com cada bagunça e cada novidade que eles faziam e mostravam a ela. 
Eu choro a cada conversa com Raquel. Fico pensando como um filho pode fazer isso a sua mãe. Tento deixa-la bem quando estou com ela em seu quarto, frio, deprimente. 
Raquel me lembrou bem uma história que li de uma senhoria que também foi abandonada em um asilo e acabou por morrer, em seu enterro estavam apenas às pessoas do próprio asilo e que depois mais tarde encontraram em uma das gavetas algumas frases escritas em pedaços de papel, onde ela relatava a dor do abandono... 
Vou colocar um pequeno trecho do que ela escreveu... 

Onde andarão meus filhos?
Aquelas crianças lindas que embalei em meu colo, alimentaram com meu leite, cuidei com tanto desvelo, onde estarão?
Estarão tão ocupadas, talvez, que não possam me visitar, ao menos para dizer:
Olá, mamãe?
Ah! Se eles soubessem como é triste sentir a dor do abandono...
A mais deprimente solidão...
Se ao menos eu pudesse andar...
(autor desconhecido)

2 comentários:

  1. Olá boa noite, este é um tema que para mim é muito especial, lidei e ainda lido com isto de perto, agora um pouco mais distante, porque ver estas coisas rói-me por dentro, o meu avô dizia uma coisa que nunca vou esquecer,
    "hoje filhos és, amanha pai serás"
    Pior é que ninguém se lembra do quanto devemos aqueles que tudo fizéram por nós, sei que tem pais que não merecem qualquer tipo de atenção por todo o mal que fizeram aos seus filhos, mas a maior parte apenas os criou, cuidou o melhor que pode, e finalmente são largados como uma maquina velha que deixou de funcionar.
    Uma excelente noite para ti, bjs!!

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  2. Boa noite anônimo. Sinceramente o meu psicológico anda meio que abalado, mas o que eu puder fazer por ela agora, eu vou fazer, expliquei que poderia falhar algumas vezes, mas com certeza seria por algum problema meu e que ela não pensasse que eu a tinha abandonado. Creio que para 1 filho (a) é a desculpa mais estúpida, por mais que não se tenha estrutura para fazê-lo, mas se realmente tem amor o fará sem reclamar ou tratar mal e agravou mais por não ir visitá-la e nem deixar que ela veja os netos, isso não tem palavras é maldade pura, é isso...Sei bem que tem pais que não merecem e sei tb que tem avós que fazem os 2 papeis e finalizando os filhos adotados pelos avós tb fazem a mesma coisa com àqueles que lhe ampararam e deram todo o amor que não tiveram dos pais relapsos.Excelente noite tb a vc e obrigada. Beijos

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