31 julho 2010

Mario Quintana (Poemas)

AH, SIM, A VELHA POESIA… Poesia a minha velha amiga… eu entrego-lhe tudo a que os outros não dão importância nenhuma… a saber: o silêncio dos velhos corredores uma esquina uma lua (porque há muitas, muitas luas…) O primeiro olhar daquela primeira namorada que ainda ilumina, ó alma como uma tênue luz de lamparina, a tua câmera de horrores. E os grilos? Não estão ouvindo, lá fora, os grilos? Sim, os grilos… Os grilos são os poetas mortos. Entrego-lhe grilos aos milhões um lápis verde um retrato amarelecido um velho ovo de costura os teus pecados as reivindicações as explicações – menos o dar de ombros e os risos contidos mas todas as lágrimas que o orgulho estancou na fonte as explosões de cólera o ranger de dentes as alegrias agudas até o grito a dança dos ossos… Pois bem às vezes de tudo quanto lhe entrego, a Poesia faz uma coisa que parece que nada tem a ver com os ingredientes mas que tem por isso mesmo um sabor total: eternamente esse gosto de nunca e de sempre. Mario Quintana

Os poemas

"Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti..."
Mário Quintana

PRESENÇA 

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu sentir como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana

“Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho. Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo. Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas”.
Mario Quintana


'Minha vida não foi um romance... Nunca tive até hoje um segredo. Se me amar, não digas, que morro De surpresa... de encanto... de medo... Minha vida não foi um romance Minha vida passou por passar Se não amas, não finjas, que vivo Esperando um amor para amar. Minha vida não foi um romance... Pobre vida... passou sem enredo... Glória a ti que me enches de vida De surpresa, de encanto, de medo! Minha vida não foi um romance... Ai de mim... Já se ia acabar! Pobre vida que toda depende De um sorriso.. de um gesto.. um olhar...
Mario Quintana

2 comentários:

  1. Como já afirmei anteriormente, não conheço a obra deste escritor mas parece-me muito bom o que ele escreve a ver por estes poemas, boa noite e que tenhas uma daquelas noites de sabado magnificas, bjs

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  2. Coloquei pra que veja 1 pouquinho de Mario Quintana, ele é bom tb. Meus sábados, são iguais a todos os dias, mas agradeço, desejo o dobro para vc. Beijão.

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Palavras são agradáveis à minha alma. Escritas lindamente, tocarão meu coração